Energia renovável: por que usar e quais os principais tipos?

Entenda os principais tipos de energia renovável no Brasil, os seus desafios e as oportunidades do setor energético.
energia renovável eólica
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A transição energética e a energia renovável deixaram de ser uma pauta ambiental para se tornar uma prioridade geopolítica, econômica e tecnológica.

A escalada da crise climática, a volatilidade dos preços dos combustíveis fósseis e a pressão por metas ESG fazem esse tema ocupar o centro das decisões estratégicas em todo o mundo.

O Brasil já parte de uma vantagem estrutural: uma matriz elétrica majoritariamente limpa e renovável. De norte a sul, sol, vento, água e biomassa já movem casas, empresas e grandes usinas.

Só que ainda existem desafios importantes — e oportunidades ainda maiores — que precisam ser compreendidos por quem atua ou quer investir no setor.

Neste artigo, você vai entender o que é energia renovável, quais são os tipos disponíveis no país, as vantagens e limitações de cada um, e por que essa é uma pauta cada vez mais estratégica para governos, empresas e consumidores!

O que é energia renovável?

Energia renovável é aquela gerada a partir de recursos naturais que se regeneram em um curto período de tempo e estão disponíveis de forma contínua na natureza.

Fontes como sol, vento, água, biomassa e o calor da Terra (energia geotérmica) são consideradas renováveis porque não se esgotam com o uso humano, ao contrário dos combustíveis fósseis.

Além de serem mais sustentáveis, essas fontes produzem pouca ou nenhuma emissão de gases de efeito estufa, o que contribui para a redução do impacto ambiental e o combate às mudanças climáticas.

No Brasil e no mundo, a energia solar e a eólica têm ganhado cada vez mais espaço, impulsionadas por avanços tecnológicos, políticas de incentivo e pela busca por alternativas mais limpas e econômicas.

Em 2023, a capacidade global de energia renovável aumentou em 473 gigawatts (GW), representando 86% de todas as novas adições de capacidade de geração de energia. Esse crescimento foi liderado principalmente pela energia solar e eólica.

Os dados foram divulgados pela Agência Internacional para as Energias Renováveis (IRENA).

Energia renovável e não renovável: qual a diferença?

A principal diferença entre energia renovável e não renovável está na capacidade de reposição do recurso utilizado para gerar eletricidade.

  • Energia renovável vem de fontes que se regeneram naturalmente e rapidamente, como o sol, o vento e os rios. Seu uso é sustentável e causa menos impactos ambientais. Exemplos: energia solar, eólica, hidrelétrica, biomassa e geotérmica.
  • Energia não renovável, por outro lado, é obtida a partir de recursos finitos, como petróleo, carvão mineral, gás natural e urânio. Esses insumos levam milhões de anos para se formar e, uma vez esgotados, não podem ser repostos. Além disso, sua queima emite grandes volumes de poluentes.

Por que usar energia renovável é importante? Veja 5 vantagens!

A adoção de fontes renováveis vai muito além de uma decisão técnica: é uma necessidade diante das crises climática, ambiental e energética que o mundo enfrenta.

À medida que cresce a demanda por energia, investir em fontes sustentáveis se torna essencial para garantir um futuro mais limpo, seguro e ível.

Vamos entender isso.

1. Redução das emissões de gases do efeito estufa

O setor de energia é responsável por cerca de 73% das emissões globais de gases de efeito estufa, segundo o Climate Change 2023 Synthesis Report.

Isso se deve, principalmente, à queima de combustíveis fósseis. Ao adotar fontes renováveis como solar, eólica e biomassa, se consegue reduzir drasticamente esses impactos.

O relatório World Energy Transitions Outlook da IRENA ainda projeta que a ampliação das energias renováveis, aliada à eficiência energética, pode reduzir até 70% das emissões de CO₂ até 2050.

2. Sustentabilidade a longo prazo

Fontes como o sol e o vento se renovam naturalmente, o que garante segurança energética no longo prazo, diferente de combustíveis fósseis que estão sujeitos à escassez e instabilidade geopolítica.

Além disso, a Agência Internacional de Energia (IEA), a partir do material Renewables 2023 — Analysis and forecast to 2028, aponta que o custo da energia solar caiu mais de 80% entre 2010 e 2022, tornando-a uma das formas de geração mais competitivas do planeta.

3. Diversificação e estabilidade da matriz elétrica

O Brasil é referência global em energia limpa. Segundo o Balanço Energético Nacional 2023, 83,79% da matriz elétrica nacional vem de fontes renováveis, com destaque para hidrelétrica, eólica e solar.

4. Geração de empregos e desenvolvimento econômico

O setor de renováveis empregava, em 2022, 13,7 milhões de pessoas no mundo, sendo 4,9 milhões só na energia solar, segundo outro relatório da IRENA.

No Brasil, a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) estima que o setor solar já criou mais de 870 mil empregos diretos e indiretos desde 2012 — e esse número segue crescendo com o avanço da geração distribuída.

5. Alinhamento com acordos globais e ESG

Investir em energia limpa está em sintonia com o Acordo de Paris e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, especialmente o ODS 7 – Energia Limpa e ível.

Além disso, empresas que adotam práticas sustentáveis se destacam em critérios ESG, o que facilita o o a investimentos, melhora a reputação e fortalece a marca. O setor de energia renovável, inclusive, figura entre os mais promissores da indústria elétrica global.

O relatório Energy & Utilities Strategy & Performance 2023 mostrou que as empresas focadas em fontes limpas apresentaram um EV/EBITDA em média 19% superior ao das companhias voltadas à geração de energia por fontes fósseis, como petróleo e gás natural.

Quais são os tipos de energia renovável disponíveis no Brasil?

Placas de energia solar
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Como dito, o Brasil é um dos países com maior potencial para o aproveitamento de fontes renováveis, graças à sua geografia, clima e diversidade de recursos naturais.

Abaixo, explicamos os principais tipos e diferenças entre as energias renováveis disponíveis no território nacional — alguns já amplamente utilizados, outros em fase de pesquisa ou implantação.

Energia solar

A energia solar é obtida a partir da luz do sol, que pode ser convertida diretamente em eletricidade por meio de painéis fotovoltaicos. É uma das fontes que mais crescem no país, impulsionada pela geração distribuída em telhados e também por grandes usinas solares.

Além de ível e versátil, pode ser aplicada em áreas urbanas e rurais, o que significa economia para residências, empresas e indústrias.

Energia hídrica

Presente em grande parte da matriz elétrica brasileira, a energia hídrica é gerada a partir do aproveitamento da força das águas de rios e reservatórios.

As grandes hidrelétricas são as mais conhecidas, mas o país também conta com pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e centrais geradoras (CGHs), que têm menor impacto ambiental e são usadas em regiões mais isoladas.

Energia da biomassa

A biomassa vem da queima ou fermentação de materiais orgânicos, como bagaço da cana, madeira e resíduos agroindustriais. É muito usada no setor sucroalcooleiro e em áreas rurais, com potencial para gerar eletricidade e calor a partir de subprodutos que antes seriam descartados.

Também é uma fonte importante para produção de biocombustíveis, como etanol e biodiesel.

Energia eólica

A energia dos ventos é captada por aerogeradores que transformam o movimento das hélices em eletricidade.

O Brasil possui regiões com excelente potencial eólico, especialmente no Nordeste, onde o vento sopra com intensidade e regularidade durante quase todo o ano.

É uma fonte limpa, silenciosa e eficiente no país.

Energia ondomotriz

Essa forma de energia aproveita o movimento das ondas do mar para gerar eletricidade. Embora ainda não seja amplamente utilizada no Brasil, o potencial é significativo, especialmente nas regiões costeiras.

Alguns projetos-piloto estão sendo desenvolvidos com foco em inovação e uso em pequena escala.

Energia geotérmica

A energia geotérmica é produzida a partir do calor do interior da Terra. No Brasil, ainda não há exploração em larga escala para geração elétrica, mas há aplicações pontuais em aquecimento de ambientes e processos industriais, principalmente em regiões sulinas.

Energia do hidrogênio

O chamado hidrogênio verde é produzido com eletricidade gerada por fontes renováveis, como solar e eólica.

Ele pode ser usado como combustível limpo ou armazenado para usos diversos na indústria e transporte. O Brasil tem se movimentado para se tornar um player relevante nesse segmento nos próximos anos.

Energia maremotriz

Parecida com a ondomotriz, essa fonte utiliza o movimento das marés para gerar eletricidade.

Por depender de locais com grande variação do nível do mar, ainda é pouco explorada por aqui, mas está no radar de pesquisadores e especialistas em transição energética.

Energia do biogás

O biogás surge da decomposição de resíduos orgânicos, como lixo urbano, esgoto e dejetos de animais.

Pode ser transformado em energia elétrica, térmica ou em biometano — uma alternativa renovável ao gás natural. É uma opção estratégica para tratar resíduos e, ao mesmo tempo, gerar energia em propriedades rurais, aterros e estações de tratamento.

Qual é a melhor fonte de energia renovável?

Mulher segurando símbolo de energia entre a luz do sol
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A resposta para essa pergunta depende de vários fatores e não existe uma única fonte que possa ser considerada “a melhor” em todos os contextos. Cada tipo de energia renovável possui características próprias, vantagens específicas e desafios técnicos, logísticos ou ambientais.

Por isso, a escolha da melhor fonte deve levar em conta o objetivo do projeto, a localização geográfica, o perfil de consumo e a viabilidade técnica e econômica.

Energia solar: versatilidade e crescimento acelerado

A energia solar, por exemplo, se destaca pela facilidade de instalação, ampla disponibilidade e aplicabilidade em diferentes escalas — de pequenos sistemas residenciais a grandes usinas fotovoltaicas.

É uma fonte silenciosa, de baixo impacto ambiental e ideal para geração distribuída, principalmente em regiões com alta incidência solar, como o Centro-Oeste e o Nordeste brasileiro.

É considerada por muitos como a melhor alternativa para quem busca autonomia energética, economia na conta de luz e retorno financeiro de médio a longo prazo.

Energia eólica: alto rendimento em regiões específicas

A energia dos ventos tem um excelente desempenho em áreas como o litoral nordestino e o sul do Brasil, onde os ventos são fortes e constantes. Sua eficiência é elevada, e os aerogeradores ocupam pouco espaço no solo, permitindo o uso simultâneo da terra para agricultura e pecuária.

Por outro lado, ela depende de estudos rigorosos sobre o potencial eólico da região e de um bom planejamento para conexão à rede elétrica.

Energia hídrica: base consolidada da matriz

As hidrelétricas são a espinha dorsal da matriz elétrica brasileira. Com alta capacidade de geração e possibilidade de armazenamento de energia via reservatórios, elas garantem estabilidade ao sistema. No entanto, também geram impactos ambientais e sociais relevantes, especialmente em projetos de grande porte.

Hoje, alternativas menores como as PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) e CGHs (Centrais Geradoras Hidrelétricas) são opções mais sustentáveis em determinadas regiões.

Biomassa, biogás e hidrogênio: potencial estratégico

Outras fontes, como biomassa e biogás, têm papel fundamental na descentralização da geração elétrica, especialmente no meio rural e em setores agroindustriais. Já o hidrogênio verde desponta como uma solução promissora para a descarbonização de segmentos industriais e da mobilidade, embora ainda demande escala e investimento.

Então, qual é a melhor?

Na prática, a melhor fonte de energia renovável é aquela que melhor se adapta à realidade do projeto e do local. Em muitos casos, a combinação entre diferentes fontes — como solar e biogás, ou solar e bateria — oferece maior eficiência e segurança energética.

Mais do que buscar uma única solução, o ideal é apostar em uma matriz energética diversificada, limpa e inteligente, capaz de atender às demandas do presente sem comprometer o futuro.

Quais são os principais desafios da energia renovável do Brasil?

O setor de energia renovável no Brasil, apesar de sua posição de destaque global, enfrenta desafios estruturais significativos a serem superados para garantir um crescimento sustentável.

Um dos principais obstáculos é a infraestrutura de transmissão elétrica insuficiente. O rápido crescimento da energia solar e eólica, especialmente no Nordeste, não tem sido acompanhado pela expansão das linhas de transmissão, o que resulta em perdas financeiras significativas.

Em 2024, por exemplo, os prejuízos estimados chegaram a R$ 700 milhões para o setor eólico e R$ 50 milhões para o solar, de acordo com dados da Reuters.

Outro desafio crítico é a intermitência das fontes renováveis. Como a geração solar e eólica depende diretamente de condições climáticas, isso compromete a estabilidade do fornecimento quando não há sol ou vento.

A ausência de sistemas de armazenamento em larga escala agrava essa limitação, dificultando a integração segura dessas fontes à matriz energética nacional. Além disso, o Brasil enfrenta a necessidade urgente de modernizar sua rede elétrica.

Estudos como o do Relatório do Fórum Latino-Americano de Smart Grid de 2024 indicam que serão necessários investimentos superiores a R$ 350 bilhões para adequar a infraestrutura de distribuição e transmissão às novas demandas de um sistema mais descentralizado e digital.

A escassez de mão de obra especializada também limita a expansão do setor. Faltam técnicos, engenheiros e instaladores com formação adequada para atender à demanda crescente.

No topo de tudo isso, há ainda um ambiente regulatório com barreiras para pequenos e médios produtores de energia, dificultando o o a financiamento e à viabilidade econômica de novos projetos.

E quais são as oportunidades da energia renovável no país?

Apesar desses entraves, o Brasil apresenta oportunidades extraordinárias no setor de energias renováveis.

O país possui um dos maiores potenciais técnicos do mundo para fontes como solar, eólica, hídrica e biomassa, com destaque para a geração solar fotovoltaica.

Essa última alcançou 54,8 GW de capacidade instalada em março de 2025, representando cerca de 22,2% da matriz elétrica nacional, de acordo com o infográfico do ABSOLAR.

Outro fator promissor é a geração de empregos. Segundo a IRENA, o Brasil foi o terceiro país que mais criou postos de trabalho em
energia renovável em 2023, com crescimento especialmente forte nos setores de biocombustíveis, solar e energia hídrica.

Além disso, há um movimento crescente de inovação tecnológica no país, com avanços em baterias de armazenamento, sistemas híbridos e soluções digitais que aumentam a eficiência e a confiabilidade das fontes limpas.

Iniciativas como o programa “Nova Indústria Brasil” e o “Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (MOVER)” têm como objetivo incentivar a produção local de tecnologias sustentáveis e a transição para uma economia de baixo carbono.

Combinadas, essas políticas públicas ampliam o espaço para investimentos, parcerias internacionais e desenvolvimento socioeconômico de regiões ainda pouco industrializadas.

O Brasil tem todas as condições para ser um protagonista na transição energética global, mas precisa enfrentar seus gargalos estruturais com políticas integradas, investimentos consistentes e qualificação técnica.

Conclusão

O avanço das fontes renováveis no Brasil é uma transformação em curso que está redefinindo a forma como produzimos, consumimos e nos relacionamos com a energia.

A abundância de recursos naturais, tecnologia ível e um mercado em expansão são três elementos que tornam o país capaz de fazer parte, em uma boa posição, da transição energética global.

A energia solar, eólica, hídrica, da biomassa e tantas outras fontes renováveis representam oportunidades concretas para reduzir impactos ambientais e democratizar o o à energia limpa.

Mas para que esse futuro se concretize, é preciso continuar investindo em informação, capacitação profissional, políticas públicas e inovação.

Seja você um profissional do setor, um investidor, um pequeno empreendedor ou um consumidor interessado em sustentabilidade, entender o papel e o potencial das energias renováveis é o primeiro o para fazer parte dessa revolução.

Se você quer continuar aprendendo sobre como a energia renovável pode transformar e entender mais sobre cada tipo, começa agora lendo nosso guia completo para consumidores: tudo o que você precisa saber sobre energia solar!

Foto de Redação Canal Solar
Redação Canal Solar
Conteúdo assinado por especialistas e colaboradores do Canal Solar, com análises técnicas, reflexões práticas e experiências do setor de energia solar.

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