Na última quinta-feira (15), o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) apresentou um estudo realizado pela PSR e Daimon sobre a criação do DSO (Distribution System Operator). Este estudo está fundamentado na necessidade de buscar a observabilidade, a controlabilidade e a abilidade da GD (geração distribuída) que tem trazido uma série de incômodos na operação da rede básica principalmente na previsão da carga líquida (carga bruta descontada da geração distribuída).
Foi inicialmente apresentada a visão internacional onde diferentes arranjos de comunicação entre os agentes detentores dos REDs (Recursos Energéticos Distribuídos) são empregados. Dentre os arranjos, boa parte colocava os REDs comunicando com o próprio TSO (Transmission System Operator) e com o DSO para ajudar a rede com serviços e modulação do despacho.
A alternativa definida no estudo foi a de que o TSO só falaria com o DSO ado pelas distribuidoras. Estas ficariam responsáveis pelo controle dos REDs (MMGD incluída). Durante o debate foi mencionado que a MMGD poderia ser vista como o Gizmo, que no início do filme de Spielberg (Gremlins de 1984) era muito fofinho mas que no final com o aumento da penetração na rede se transformava em Gremlin com comportamento destrutivo e caótico.
A visão que existe hoje sobre a MMGD é a de grande vilã do setor elétrico e que precisa ser domada a qualquer custo. É importante lembrar que a geração distribuída se expandiu seguindo as regras e não foi exposta à água e nem à comida após a meia-noite. Talvez, ao contrário do que ocorria no filme, a irradiação do sol no Brasil a tornava cada vez mais forte comparada com outros países. A Lei 14300/22 retirou o incentivo existente da compensação plena limitando significativamente a expansão da MMGD.
Sabemos que a intermitência das fontes renováveis traz uma série de problemas à operação das redes de transmissão e distribuição, mas resolver a questão criando um DSO que além de operar a rede vai definir o despacho da MMGD parece ser uma alternativa centralizadora e sem respaldo dos agentes.
É interessante observar que não há uma preocupação em chamar os agentes para acompanhar os estudos e discutir de forma colaborativa soluções para enfrentar o problema que todos temos ciência. Em muitos países, os agregadores acabam fazendo a função de monitorar a geração e a carga de seus clientes em uma determinada região fornecendo informação à distribuidora e até colaborando com ações para controle de tensão e de potência ativa.
É importante observar que muitas dessas ações estão respaldadas em sinais de preço (chegando a ter preço de energia a cada 15 min) emitidos pelo mercado. Entendemos que o problema que enfrentamos hoje poderia ser bem menor se tivéssemos avançado no modelo do setor elétrico brasileiro.
Perguntas: É o DSO que irá tomar a ação de desligar a MMGD? É o DSO que irá definir o período de carregamento e descarregamento das baterias dos agentes?
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